Moradora de VG acumulou dívidas de 155 imóveis em sua matrícula por conta de esquema no DAE
Servidores da autarquia transferiam valores de uma conta para outra mediante propina
A moradora de Várzea Grande, E.S.S., que reside no Bairro 23 de Setembro, viu-se envolvida em uma complexa situação de uso indevido de seus dados cadastrais, resultando em uma dívida de R$ 9.218,50 inscrita na dívida ativa.
De acordo com investigações da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR) na Operação Gota D'água, o CPF e outros dados pessoais da vítima foram utilizados para registrar 155 matrículas de unidades consumidoras em endereços diversos, dos quais apenas três são reconhecidos por ela.
O caso veio à tona quando a vítima, que reside há 19 anos na Rua Gaúcha, no Bairro 23 de Setembro, procurou o Departamento de Água e Esgoto (DAE) local para regularizar pendências relacionadas à ausência de contas de água em seus imóveis. Em depoimento à Polícia Civil, ela informou que possui três imóveis para aluguel, todos no mesmo bairro. No entanto, a moradora alega que nunca recebeu contas de água para algumas dessas propriedades, apesar de a água chegar regularmente.
A surpresa veio quando, ao tentar regularizar a situação, ela descobriu que seus dados estavam vinculados a dezenas de outros endereços, com débitos acumulados e valores desconhecidos. Em depoimento, ela reconheceu apenas três das matrículas listadas e negou qualquer conhecimento sobre as demais 152.
Propina em forma de parcelamento
Ela relatou ainda que, ao tentar resolver o problema no DAE, foi encaminhada a um gerente, com quem negociou um parcelamento dos débitos. Ela pagou R$ 800 em espécie como entrada e acordou o parcelamento do restante da dívida em 36 parcelas de R$ 19,90.
Após seis a oito meses, as faturas deixaram de ser enviadas, o que levou a consumidora a retornar ao DAE. Novas tentativas de acordo não foram bem-sucedidas devido à falta de recursos para cobrir o valor inicial do parcelamento.
A Operação Gota D´água resultou na expedição de 11 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão. Entre os detidos estão servidores e ex-servidores do DAE-VG, além do vereador Pablo Pereira (União Brasil). O diretor comercial do DAE, Alessandro Macaúbas Campos, também foi preso na operação.
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